2008 está indo embora e muitas lembranças irão ficar

Mestre Paulão Kikongo

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Amigos, amigas, leitores e leitores, 2008 está indo embora mais muitas lembranças ficarão guardadas em nossa memória. A família Rio Brasil Arte Capoeira em 2008 teve grandes perdas, é verdade, mais também teve grandes alegrias.

Perdemos uma grande amiga uma grande companheira, uma mulher guerreira, uma mulher que foi uma grande negra, que soube muito bem representar a sua raça. Foi-se nossa querida e amada Sonia Regina Duarte, mais ficou o seu exemplo, a sua honradez que com certeza todos e todas nós da Associação Cultural Rio Brasil Arte Capoeira e àqueles (as) pessoas que a conheceram carregarão para o resto de suas vidas.

Perdemos alguns integrantes que decidiram seguir o seu próprio caminho na Capoeira, mais a amizade construída durante todo o tempo que estivemos juntos com certeza continuará. Alguns (as) não entenderam a nossa proposta de trabalho, que a muito extrapolou apenas uma roda de Capoeira. Nós, capoeiristas, não podemos ficar mais afastados dos principais debates travados pela sociedade, como as cotas raciais, a defesa dos direitos humanos, o combate ferrenho contra todas as formas de discriminações, as relações de gênero, entre tantos outros fatores.

A Associação Cultural Rio Brasil Arte Capoeira foi fundada em 1999 com este intuito. De levar aos (as) nossos (as) associados (as) todos os assuntos que pudessem interferir diretamente em suas vidas. Por isso este ano desenvolvemos trabalhos em universidades, escolas públicas e particulares, visitamos espaços culturais, continuamos com o nosso informativo, lançamos este blog e para coroar todo o nosso esforço tivemos o nosso trabalho reconhecido pela SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA DO RIO DE JANEIRO, através do Edital de Fomento – Culturas Populares. Nos filiamos, também, ao CEN – Coletivo de Entidades Negras.

Ano que vem, quando completaremos 10 anos de existência, já começaremos com o pé direito. E não queremos parar por aí. Estamos preparando nossos (a) alunos (as) para desenvolverem seus próprios trabalhos e em 2009 estaremos montando a nossa Banda Afro e o nosso grupo de Dança Afro também. Além de tudo isso, estaremos lançando para toda a comunidade capoeiristica  e para os movimentos sociais negros nosso CD e um site que vai abalar a forma de divulgação de nossa cultura na internet. Um site todo idealizado em software livre, que com certeza será um modelo para muitos outros que surgirão (esperamos).

Aproveitamos para convidá-los (as) a conhecerem os blogs www.portalcapoeiradorio.blogspot.com e www.berimblog.blogspot.com que editamos.

Finalizando, queremos desejar a todos e todas um Natal de muita Paz, muita saúde e que 2009 seja um ano coroado de muito sucesso e também de muito amor pelo próximo.

Axé! Iê malungos (as)!

Mestre Paulão

Presidente da Associação Cultural Rio Brasil Arte Capoeira

Editor dos blogs www.portalcapoeiradorio.blogspot.com e www.berimblog.blogspot.com

Criador da Rede Social Capoeiristas do Brasil e do Mundo

Trabalho Escravo

Mestre Paulão Kikongo

Imagens chocantes, mas que retratam e muito a realidade brasileira. A exploração do trabalho infantil nas carvoarias na lavoura, na prostituição, entre outras, só vem confirmar o que sabemos. Para mudar este quadro precisamos de investimento maciço na educação e punição severa para àqueles que utilizam desta mão de obra para se darem bem na vida. Cadeia neles.

Divulgando

Mestre Paulão Kikongo

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Convite capoeira

Fonte:

Memória Lélia Gonzalez
Ana Maria Felippe - Coordenadora Geral
Vilma Piedade - Coordenadora de Gênero e Raça
http://www.leliagonzalez.org.br/

PL sobre Profissão de Mestre de Capoeira será apresentado no RJ

Mestre Paulão Kikongo

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Com apoio do Conselho Municipal dos Direitos do Negro, autoridades do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro, Deputados Estaduais e Federais, Vereadores de diversos Municípios do Estado do Rio de Janeiro será apresentado o Projeto de Lei que cria a Profissão de Mestre de Capoeira.

Mestre Arerê e sua aluna Leoa solicitam a presença de todos os capoeiristas e simpatizantes neste ato, já que é muito importante a participação nesse momento em que está sendo escrita uma nossa história para a nossa Capoeira.

Participe! Venha com o uniforme do seu grupo e mostre a força da nossa Capoeira.

Serviço:                                 

Local: PALÁCIO GUANABARA - Laranjeiras (ao lado do Fluminense Futebol Clube).
Horário: 15h
Data: 15 de dezembro de 2008

Tribuna da Imprensa sai de circulação

Mestre Paulão Kikongo

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O jornal Tribuna da Imprensa, fundado em 1949 por Carlos Lacerda, lançou sua última edição nesta segunda (1º). Segundo Hélio Fernandes – que assumiu o jornal em 1962 – a circulação será suspensa por alguns meses. O periódico passa por dificuldades financeiras e aguarda indenização da União pelas perseguições sofridas durante a Ditadura Militar.

A Tribuna da Imprensa foi fundada em 27 de dezembro de 1949 por Carlos Lacerda. O nome vem da sua coluna no Correio da Manhã: “Da Tribuna da Imprensa”. Foi neste jornal que em 1954, Lacerda sugeriu a renúncia do Presidente Getúlio Vargas, seu inimigo político. Ainda no mesmo ano, Getúlio faleceu e governistas invadiram e empastelaram a sede do jornal.

Em 1961, Lacerda vendeu o jornal para Manuel Francisco do Nascimento Brito, genro da Condessa Pereira, então dona do Jornal do Brasil. Mais tarde era a vez de Hélio Fernandes assumir o ativo e passivo do jornal, de onde nunca mais saiu.

Durante a Ditadura Militar o jornal esteve sob forte censura prévia. Em 26 de março de 1981, em um dos últimos atos dos militares, foi detonada na sede do jornal uma bomba que destruiu suas máquinas.

Um processo de indenização do jornal por causa das perseguições dos militares segue na justiça. Apesar de ganhar em primeira instância, a ação está hoje aguardando julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Veja abaixo a íntegra do último artigo de Hélio Fernandes no jornal desta segunda. 

A TRIBUNA interrompe momentamente a circulação

POR CULPA DA JUSTIÇA MOROSA,
TENDENCIOSA, DESCUIDADA, DISPLICENTE,
VERDADEIRAMENTE INJUSTA E AUSENTE,
TÃO DITATORIAL QUANTO A DITADURA

O douto procurador-geral da República, Claudio Fonteles, recusou o AGRAVO da União, identificando-o como PROTELATÓRIO.

O imodesto ministro Joaquim Barbosa recebeu o AGRAVO da União, sabendo que era PROTELATÓRIO. Levou 2 anos e meio para entender.

Com a mente revoltada e o coração sangrando, escrevo serenamente, mas com a certeza de que é um libelo que atinge, vai atingir e quero mesmo que atinja o sistema Judiciário. As palavras que coloquei como título desta comunicação representam a ignomínia judicial, que se considera poderosa e inatingível, mas é apenas covarde e insensível.

Retira-se dessa acusação global apenas a primeira instância. O juiz que em 1979 recebeu a ação desta Tribuna da Imprensa examinou imediatamente a questão e dividiu a ação em duas. Uma chamada de LÍQUIDA, que decidiu imediatamente e que, lógico, foi objeto de recursos indevidos, malévolos e protelatórios, que é a que está na mesa do ministro Joaquim Barbosa.

A outra, denominada de ILÍQUIDA, juntava e junta prejuízos ainda maiores, como desvalorização do título do jornal, lucros cessantes, páginas em branco durante 10 anos, perseguição aos anunciantes, que intimidados pessoalmente pelo então diretor da Receita deixavam de anunciar.
(Esse diretor da Receita Federal, Orlando Travancas, era feroz na perseguição e na intimidação. Não demorou muito, foi flagrado em crime de extorsão e corrupção, não quiseram prendê-lo, seria desmoralização para o regime. Foi aposentado luxuosamente, com proventos financeiros "generosos").

A ação ILÍQUIDA dependia de PERÍCIA, que vem desde 1982, e não foi feita por irresponsabilidade e falta de interesse de dois lados. Acreditamos que agora andará em velocidade para recuperar o tempo perdido. Na ação dita LÍQUIDA, o competente juiz de primeira instância, cumprindo o seu dever, sem temor ou dificuldade, condenava a União ao pagamento da INDENIZAÇÃO devida a esta Tribuna.
Que sabendo dos obstáculos que enfrentaria, dos sacrifícios a que seria submetida, assumiu sem qualquer restrição a resistência ao autoritarismo e à permanente e intransigente defesa do interesse nacional, tão sacrificado. "Combatíamos o bom combate", como disse o Apóstolo Paulo.

De 1982 (primeira e única sentença) até este ano de 2008 (26 anos), a decisão do competente juiz de primeira instância foi naufragando na impunidade, no descuido, na imprudência dos chamados MAGISTRADOS SUPERIORES.

Nesses 26 anos, desembargadores que não tinham nenhum adjetivo, mas lutavam arduamente para ganhar a complementação de DESEMBARGADORES FEDERAIS, nem ligavam para a justiça ou a injustiça. Importantes, se consideravam insubstituíveis e incomparáveis, não queriam que alguém pensasse ou admitisse que eram inferiores. Lógico, cuidando da ambição pessoal, não podiam perder tempo FAZENDO JUSTIÇA. Que era o que o juiz de primeira instância compreendeu e decidiu imediatamente.

Em 26 de março de 1981, a ditadura agonizante mas vingativa explodiu prédios, máquinas e demais dependências desta Tribuna. Podíamos acrescentar isso na própria ação ou começar nova, com mais esse prejuízo colossal. Não quisemos. É fato também facilmente comprovável, não protestamos nem reivindicamos judicialmente em relação a mais esse terrorismo. Financeiro, econômico, irreparável.

Outro fato que também é acusação contra DESEMBARGADORES FEDERAIS facilmente comprovável verificando o andamento, quer dizer, a paralisação do processo: vários DESEMBARGADORES FEDERAIS ficaram 2, 3 e até 4 anos com o processo engavetado. Alguns devolviam o processo pela razão maior de todas: caíam na EXPULSÓRIA. Mas continuavam fazendo parte do esquema e sistema de atrasar a eficácia da prestação jurisdicional. Necessária nova distribuição, isso era feito lentamente, esqueciam inteiramente da importância de fazer justiça.

E o próprio Supremo Tribunal Federal não pode ser considerado INOCENTE ou DESCONHECEDOR do processo. Pois há quase 3 anos ele está na mesa do ministro Joaquim Barbosa, "esperavam um negro subserviente, encontraram um magistrado que veio para fazer justiça". Na prática está desmentindo a teoria. Negro ou branco, não importa a cor e sim a I-N-S-E-N-S-I-B-I-L-I-D-A-D-E como magistrado.

O ministro Joaquim Barbosa, do STF, com extrema boa vontade, recebeu o recurso inócuo da União, verdadeira litigância de má-fé, que sabia ser apenas PROTELATÓRIO. Os autos estão descansando em seu gabinete desde abril de 2006. Postura diferente adotou o douto procurador-geral da República, Cláudio Lemos Fonteles, que há mais de 2 anos já fulminara o teratológico recurso como INADMISSÍVEL, sem razão de ser, vez que almeja REDISCUTIR o que já tinha sido pacificado nas instâncias inferiores, ou seja, o direito líquido e certo desta Tribuna da Imprensa ser indenizada por conta de danos morais e prejuízos materiais de vulto que sofrera, em decorrência de atos truculentos e de censura permanente dos governantes dos anos de chumbo e que quase levaram o jornal à falência.

Inexplicavelmente, repita-se, o bravo (ou bravateiro?) Joaquim Barbosa aceitou o afrontoso apelo da União que nem deveria ser conhecido, por conta quem sabe de um cochilo, displicência ou então não tem a sabedoria jurídica que tanto apregoa.

Não quero ir mais longe, lembrar apenas o seguinte: a Tribuna da Imprensa não será FECHADA pela indolência da Justiça, que, sem perceber, a castiga tanto ou mais do que a ditadura, na medida em que por inaceitável MOROSIDADE está retardando a implementação da execução de sentença condenatória da ré, União Federal, e sua maior devedora.

ASSIM, suspenderemos por alguns meses a circulação deste jornal, que entra, coincidentemente, no ano 60 da sua existência. 14 com Carlos Lacerda, 46 com este repórter. Não transigimos, não conversamos, não negociamos a opinião aberta e franca pela recompensa escondida mas relevante. Poderíamos ter cedido, concedido, concordado, conquistaríamos a riqueza falsa e inconsciente, mas GLORIOSA E DURADOURA.

Vivemos num mundo dominado pela VISIBILIDADE e a RECIPROCIDADE. Como não nos entregamos nunca, como ninguém neste jornal distribui visibilidade para receber reciprocidade, estamos em situação dificílima.

Nesse quadro, já dissemos e reiteramos que essa primeira indenização será toda destinada ao pagamento de DÍVIDAS obrigatórias contraídas por causa da perseguição incessante comprovadamente sofrida.

Em matéria de tempo, uma parte do Judiciário foi mais ditatorial do que a ditadura. Esta perseguiu o jornal das mais variadas formas, por 20 anos. A Justiça quer ver se chega aos 30 anos, por conta de sua repugnante MOROSIDADE, TÃO RUINOSA e imoral quanto a ilimitada violência perpetrada pela ditadura.

Se vivo fosse, o jurista Ruy Barbosa por certo processaria os lenientes julgadores do processo indenizatório ajuizado pela Tribuna contra a União há quase 30 anos e sem pagamento algum até hoje, porque para Ruy, que é tão festejado e citado, mas não imitado, JUSTIÇA ATRASADA NÃO É JUSTIÇA, SENÃO INJUSTIÇA QUALIFICADA E MANIFESTA. Até breve. Muito breve.

PS - "A única coisa que devemos temer é o próprio medo. O medo inominável, injustificável, sem razão de ser. Medo que paralisa os esforços e transforma um avanço vitorioso numa derrota ou numa retirada desastrosa". Franklin Delano Roosevelt, 4 de março de 1933. Um dia antes de tomar posse pela primeira vez como presidente e já pronto para lançar o New Deal.

Fonte: Alerta Rio

Aconteceu...

Mestre Paulão Kikongo

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No dia 1º de dezembro foi realizado na UERJ, campus Maracanã, o I SEMINÁRIO DE IMAGENS E NARRATTIVAS.

Como parte da programação foi lançado, na ocasião, os livros “A Capoeira do Rio de Janeiro – 1890 – 1950”, de Izabel Ferreira e “A Arte da Negociação: A Capoeira como Navegação Social”, de Bernardo Velloso Conde. Estes livros fazem parte da Coleção Capoeira Viva, que “é composta por livros histórico-etnográficos adaptados de pesquisas acadêmicas, geralmente esquecidas nos arquivos universitários. Cultura, luta, esporte, dança, instrumento de socialização... Tanto se diz da capoeira, mas pouco se escuta. A coleção Capoeira Viva foi idealizada com o intuito de quebrar esse paradigma e trazer ao público a riqueza e as nuances dessa manifestação brasileira tão próxima de seus admiradores e praticantes e tão distante da maior parte da sociedade brasileira."

A Arte da NegociaçãoA Capoeira no Rio de Janeiro